Boa de mais para a Eurovisão

Esta música foi apresentada no Festival da Eurovisão de 2019, e como alguém disse, ou até vários, foi boa demais para o concurso. Por concordar partilho, mesmo quando já passaram meses após o festival pois guardei-a na playlist. Não foi vencedora mas por ter uma mensagem forte, estar bem feita, ser atípica do festival, e ser bastante normal mas não banal ficou como favorita de muitos youtubers (e acredito que não só). A boa notícia é que conseguiu o segundo lugar da classificação.


Vamos lá, Eurovisão ainda alguém vê?

A Eurovisão no meu tempo de criança, e pré adolescente, era um programa que assistiamos em casa religiosamente pela grandeza do espectáculo. E claro, numa altura em que não havendo internet a televisão era tudo, e sim tinha programas decentes e que valiam a pena fazer serão.

Com o tempo foi perdendo interesse, julgo que em geral para muita gente... Não sei se por deixar de ser convencional e passar a deixar entrar estilos musicais e presenças em palco pouco ou nada convencionais. Ou será porque a presença portuguesa foi desiludindo os espectadores portugueses que envergonhados com o que se apresentava lá literalmente riscaram da programação? Penso que sim, bem como outras variáveis que juntamente levaram a uma mudança dos ventos, logo das vontades.

Quanto às presenças menos convencionais estas foram ganhando votos e triunfando. Quebraram-se tabus, quebraram-se estilos "mais do mesmo", as músicas passaram a ser mais diversificadas, inclusivas (França), estranhas, provocativas e reflexo da evolução dos tempos e do desejo de mudança.

O público, o de agora, parece-me querer performances diferentes, divertidas, estravagantes, letras com significado e interventivas. Ao contrário do público de outrora que tem dificuldade em aceitar a onda de frescura que já pouco tem a ver com a Eurovisão de à 20 anos atrás ou mais. Tudo vale, tudo é válido, tudo pode vencer. E porque não?

Mesmo tendo deixado de ver na TV acabo por quase todos os anos, não de forma religiosa, dar um pulo ao Youtube e ver o que foi a votos esse ano. A presença portuguesa finalmente, depois de anos mais recentes de horrores e dissabores, conseguiu uma primeira vitória em 2017 (a nossa primeira participação foi em 64). 

Foram as críticas que ouvi, em conversas com colegas, da participação portuguesa deste ano (2019) que me fizeram ir ouvir para depois puder comentar. Ao contrário de muitas almas que sem ouvir já estão a deitar abaixo só porque é fácil e sabe bem, a minha opinião foi simples. Participação bombástica apesar do nome do tema não soar nada bem ao ouvido. Gostei, tinha fundamento e adequava-se para aquilo que foi criada, ponto. Os reacts no Youtube foram bastantes positivos à participação do Conan Osiris, e deixo aqui uma sugestão de que achei bastante piada e revela que apesar de a letra ser super esquisita ao nosso ouvido para quem não percebe é de delirar com a performance. Depois de uma participação do Salvador Sobral simples, calma, com alma e sem efeitos especiais pomposos que venceu com mérito (também ela criticada, como sempre!), dois anos depois um extremo veio despertar e picar as mentes menos abertas e criticadoras.

Se no ano anterior não tivesse vencido Israel como uma intervenção divertida, e empática, quem sabe se não teriamos ficado bem posicionados ou chegado à vitória este ano e escandalizado os portugueses. No entanto, e já agora, foi uma música calminha, da Holanda, de vir a lágrima ao canto do olho que venceu em 2019.  

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