Das tralhas ao VHS, do VHS à música


Nos anos 90 uma das coisas que mais gostava de fazer era gravar em VHS os video-clips de músicas que davam ao sábado no Top+. Isto era um procedimento religioso e um compromisso para mim. Era através deste meio, para além da rádio, que descobria músicas bem como a única forma de as ter, e as ouvir vezes sem conta até desgastar as fitas.

Contudo, não eram só as músicas do Top+ que gravava. Uma dada altura apanhei na TV uma série de desfiles de moda de alta costura, devia ser a semana da moda em Paris, e que acabei por gravar. Não porque tinha afinidade com agulhas e linhas, ou ironicamente sonhasse ser modelo de Haute Couture. Mas sim porque os desfiles eram acompanhados de MúSiCa. Música uma inspiração universal, não é verdade? Nesta altura da minha vida não existia internet, nem telemóveis nem a app Shazam por isso esta música dos Vangelis só a identifiquei anos mais tarde. Outras ficaram por identificar nas passerelles em que vi inúmeras vezes o glamour das coleções, naquela que era a minha adoração pela música ambiente dos desfiles.



As cassestes tiveram um destino a dada altura: deixaram de ser usadas. Os videogravadores (ou videos) eram tão usados que se estragavam muito depressa. E, apesar de o meu pai também utilizar os dispositivos eu era sempre a culpada das avarias, do primeiro sim, do segundo tenho a noção que não. Até que se desistiu de comprar mais aparelhos e em breve a tecnologia iria ser outra lá em casa. Gastas do uso, e "arrumadas" para um canto de preferência onde não estorvassem, a derradeira companhia para as VHS's viria a ser a humidade.

VHS (Video Home System)

Os CD's passaram a ser o meu objeto de desejo, uma versão que agora me saía bem mais cara, e para a qual tinha que pensar bem e poupar para comprar.

Agora que escrevo não sei o que é feito das minhas cassetes de video. Sei que guardei uma, esta, e que tem o filme mais hilariante da minha juventude, daquelas comédias mesmo para rir; e um concerto dos The Prodigy. Nunca as quis deitar ao lixo devido ao tipo de material que é, lembro-me de contactar o centro de reciclagem para saber se as aceitavam e lembro que nunca me responderam. Se ainda existirem talvez estejam em casa dos meus pais, fiquei agora intrigada sobre o paradeiro delas.



É sempre um dilema escolher o que deitar fora, isto porque se acumula muita tralha (e/ou valor) ao longo dos anos, muita mesmo! E claro, fica sempre aquela esperança no ar de que algo se torne vintage, e de novo na moda, e com isso valioso ou de interesse renovado. Se por um lado subsiste, por vezes, um apego às coisas ou determinados objetos, por outro torna-se aconselhável "destralhar" de tempos a tempos quer se tenha uma casa pequena ou grande, ou pelo menos considerar isso - digo eu 😒.

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