Dueto improvável: Ana Moura e Conan Osiris


Vinte Vinte é o tema interpretado por Ana Moura e Conan Osiris a que chamei de dueto improvável. E o que tem a ver a foto anterior com o título do post? Já vão perceber a seguir.

Produção de Branko, que já conhecia da música 'Tudo Certo' com Dino d'Santiago [se tiverem curiosidade vejam aqui], e a voz da fadista Ana Moura em dueto com Conan Osiris autor da letra.



"Vi o amor no mais doce lamento
Vi uma flor a bailar com o vento
Vi na areia o barco onde tu vieste
E a tua boca de amora silvestre

Ai porque vejo tanto
Ai quero arrancar este pranto

Vi a minha vida na boca de um lobo
Vi a despedida no bico de um corvo
Vi na areia o barco onde tu vieste
E a tua boca de amora silvestre

O 20 que eu quero
Não é o tempo que eu espero e
Não é "eu tento se der" e
O pensamento a tolher e
Não é o vento sequer
A bater noutra mulher
Não é a filha dum pai a
Pôr uma mãe a morrer

Visão 2020 com 20 no teste
Detestado na tuga, carinha de peste
Pano na cabeça e boa veste, Isabel
Silvestre do Sul, não sei quem me enceste

Eu juro eu vejo bem
Eu via-te nos barcos a chorar também
Eu juro eu beijo bem
Mas o beijo que era teu eu não dou a mais ninguém

Ai porque vejo tanto
Ai quero arrancar este pranto
Ai porque vejo tanto
Ai quero arrancar este pranto"
(fonte: AZLyrics)


Conan Osiris ficou para alguns como aquela carta fora do baralho que levou o nome de Portugal ao Festival da Eurovisão de 2019. Incompreendido e visto como uma aberração, na minha opinião, tem um talento peculiar que está longe de se encaixar nas tendências.

Pode ser muito bem mais um representante da música tradicional portuguesa moderna. As letras têm mensagens que não são imediatamente decifráveis acabando por parecerem ridículas porque usam palavras nada usuais numa mistura que parece abaixo de amador. Foi precisamente o que aconteceu com o tema levado à Eurovisão: "Telemóveis". Porém considero que as músicas dele conseguem mostrar raízes portuguesas devido às nuances de fado e um estilo, atrevo-me a dizer, à António Variações. A isto ele adiciona a sua estranheza, algumas palavras rústicas, gíria e palavreado moderno.

Que raízes se identificam, por exemplo, na música pimba que é bem difundida e apreciada? Por mais boa disposição que provoque nas gentes da minha terra tenham em mente que quem gostar de pimba jamais pode criticar o Conan, seria um roto a falar do esfarrapado.

Ora não me considerando fã deste rapaz nem ganhando nada fazendo publicidade dele aqui, é aquele meu lado defensor dos mais fustigados pelos criticadores de bancada que me faz voltar a falar dele. Gente, tudo e todos têm o seu contexto e lugar! Por conseguinte se quiserem dar uma oportunidade ao Conan podem ficar a saber um pouco mais sobre ele neste documentário aqui. Quem sabe se aquilo que primeiro se estranha não acaba por se entranhar.

Louvadamente a Antena 3 - mais alternativa - tem apoiado este artista, intérprete, ou aspirante a cantor se preferirem. E ao contrário do que aconteceu com o Salvador Sobral (vencedor da Eurovisão em 2017) nunca ouvi o(s) tema(s) dele a serem emitido(s) nas rádios. Aqui fica, já agora, mais uma sugestão com uma letra um tanto mística ou, então, efeito de algum alucinogéno 😁.

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